quinta-feira, dezembro 02, 2010

O coração é, de facto,apenas um músculo...

Todas as pessoas têm coração. Claro que têm!!! Se o não tivessem, como bombeariam o sangue? Mas é só para isso que serve um coração, não para albergar sentimentos. Que o diga o nosso pequeno rei, D. Dinis, largado, em Março de 2009, ao portão do canil, com um baraço a garantir que dali não saía. Aquele sénior de focinho inchado e ar paciente foi baptizado como D. Dinis e passou a ser um habitante da S.O.S. Moura.


De quem ali o deixou às escondidas, nem sinal... Até ao passado mês de Outubro!

Descontraidamente, um casal apareceu no canil dizendo que vinha buscar o seu cão, que se concluiu ser o D. Dinis. Como se o tivessem deixado de férias, sem nenhum complexo de culpa. Vinham pelo que era seu.

Confrontados com o facto de terem abandonado o animal, escandalizaram-se: tinham-no, sim, deixado no canil (muitíssimo diferente de abandono, claro!), e não tinham dito nada por não haver ninguém no local.

Motivo da "estadia"? O animal estava gravemente doente e não tinham posses para o tratar (à parte o inchaço no focinho, que teve que ser combatido com antibiótico, no canil a doença grave não deu sinais de vida!). Mas garantiam que gostavam muito do seu cão. Muito mesmo. E queriam levá-lo, claro. Afinal, tinham esse direito, pois eram os donos.

Sendo o D. Dinis, por lei, como uma mesa ou uma cadeira, ainda assim se eu deixar uma dessas peças no lixo, alguém a apanhar e levar para casa, penso que não posso ir lá pedi-la de volta.

Mas não é preciso perceber de leis para realizar que estes senhores não têm direito a nada, mesmo que pagassem as despesas feitas com o animal (colocámos a hipótese para ver a reacção, que não se fez esperar: pagar pelo que é nosso? Uma associação não serve para recolher animais?), pois não o perderam nem pediram que ficasse à guarda da associação, apresentando razões. Abandonaram e esqueceram durante mais de um ano, e quem abandona não ama.

A decisão foi de deixar o D. Dinis na sua casota. Ainda que não confortável, no canil quem dele trata tem sentimentos e não apenas um coração que bombeia sangue.

O D. Dinis continua à espera de um dono verdadeiramente humano.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estraordinário. Apesar de tantas dificuldades, o amor aos animais fala mais alto! Fizeram muito bem! Desejo-vos um grande ano!

Isab disse...

Querido D. Dinis
Sinto-me feliz por ti porque, afinal, no meio do abandono a que foste sujeito [pasme-se, ó vida! pela ignorância e desgaçatez humanas!!!], encontraste GENTE de facto e de peito.
Tenho pena em não poder adoptar-te.
Tenho várias razões que me levam a ter um fraquinho por ti:
1ª a zona de onde és e onde estás - Moura; eu explico: além de gostar muito do Alentejo (sou de Lisboa), gosto especialmente de Moura porque parece que, há uns pares de séculos, terá sido gente daí que, depois de ter sido deslocada para o norte, terá dado origem aos Mouras de Lever [Gaia], terra dos meus avós e pai; 2ª, o teu nome. Sabes que trabalhei 26 anos numa escola de Chelas, o D. Dinis, onde tive alunos que davam exemplos aos meninos das escolas "finas" de Lisboa? Foram anos de muito trabalho, muitas dores mas de muitas alegrias!
Acho que vou tentar "amadrinhar-te", valeu?
Tenho pena de não poder ir passear contigo mas far-te-ei sempre muitas festinhas virtuais.
A tua amiga Isabel C